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A pele que habito: Limpeza de pele pt1| importância e constituição dos produtos

domingo, 3 de dezembro de 2017

Limpeza de pele pt1| importância e constituição dos produtos

Allure

Inicialmente queria escrever acerca de um assunto especifico, mas rapidamente percebi que precisava de fazer uma série de publicações sobre a limpeza da pele.

Negligenciada por muitos, mas adorada por outros tantos; a limpeza está longe de ser um hábito consensual, e as expectativas que cada um tem de como a pele se deve sentir depois deste passo são ainda mais discrepantes.

Se acham que este assunto não muito que se lhe diga, vão rapidamente mudar de ideias 😜

Entre muitas outras coisas, a pele é uma barreira entre o organismo e o exterior; sendo a limpeza um hábito antigo. O produto de limpeza mais democrático, e também o primero de que há registo na história é o sabão; que resulta da reação da gordura animal com hidróxidos de metais alcalinos (hidróxido de potássio, potassa; e sódio, soda cáustica).


Ao limpar a pele estamos não só a zelar pela saúde do organismo, mas também a contribuir para a nossa integração social. Afinal de contas, todos gostamos de pessoas que cheiram bem :p

Mas apesar disto, a limpeza da pele tem ainda outras vantagens:
  • Pele mais lisa, já que uma limpeza diária permite remover progressivamente as células mortas da sua superfície;
  • Aspeto mais luminoso, pelo mesmo motivo;
  • Maior penetração dos produtos cosméticos que aplicamos;
  • Menos poluentes depositados à superfície.
Já do outro lado da balança, é possível reconhecer algumas contrapartidas; que podem tornan-se significativas em casos de patologia cutânea, ou quando se opta por produtos de elevada ação detergente:
  • Remoção total ou parcial do filme hidrolipidico (mistura de água e excreções das glândulas sebáceas e sudoríparas que protege a pele);
  • Remoção total ou parcial do microbioma cutâneo (conjunto de microrganismos que habitam em harmonia com a nossa pele, e têm igualmente uma função protetora);
  • Potencial sensibilizante, que na maioria dos casos não sentido nem significativo, e depende da pessoa, bem como do produto em questão.


Como funcionam os produtos de limpeza?

Sabonetes, géis, águas micelares, champôs, leites, óleos ou bálsamos... Todos eles são de alguma forma diferentes, mas devem a sua ação detergente a pelo menos um destes ingredientes: os surfatantes, partículas com ação detergente; e o solvente, veículo em que estes estão dissolvidos.

  • Surfatantes
Existem vários tipos de surfatantes, como maior ou menor ação detergente e mais afinidade para a água ou para as partículas oleosas.

No entanto, estas moléculas partilham uma característica comum: têm simultaneamente uma porção hidrófoba (com afinidade para o óleo) e uma porção hidrófila (com afinidade para a água). Isto permite que atraiam ambos os tipos de resíduos, embora em diferentes proporções; retirando-os da pele, mas também minimizar o depósito do próprio produto de limpeza à sua superfície. Daí ser diferente limpar o rosto unicamente com um simples óleo de côco, que tem uma pequena quantidade natural de surfatantes, ou fazer essa mesma limpeza utilizando um produto cosmético especificamente formulado com esta intenção, é que deixará pouco ou nenhum resíduo.

É importante também que os surfatantes se encontrem numa concentração suficiente no produto final, concentração essa que lhes permita formar micelas. As micelas (representadas na 3ª figura) são agregados estáveis, e que são capazes de encapsular no seu interior uma das fases da solução (geralmente oleosa.); tendo a porção aquosa voltada para o exterior. Esta particularidade permite que as micelas sejam facilmente enxaguadas e removidas da pele, deixando-a limpa.

Tendo em conta as suas cargas elétricas, os surfatantes podem dividir-se em 4 tipos:
  • Catiónicos, em que a porção polar tem uma carga positiva. Não são muito utilizados na limpeza de pele, mas são excelente para amaciar o cabelo uma vez que se ligam à queratina ( Cloreto de berrentrimónio,  Cloreto de cetrimónio, etc.);
  • Aniónicos, cuja porção polar tem carga positiva. São aqueles que permitem uma limpeza mais intensa, e geralmente também uma maior capacidade de fazer espuma (sulfato de lauril e sódio, Lauril éter sulfato de sódio, etc)
  • Anfotéricos: têm simultaneamente carga positiva e negativa, o que os torna menos deslipidantes e irritantes (cocamidopropilbetaina, fosfatidilserina, etc.)
  • Não iónicos, que não têm propriamente carga elétrica, e por isso serão os mais suaves. (monoestearato de glicerilo, monoleato de sorbitano, etc.)
Os produtos de limpeza para a pele são normalmente compostos por misturas de surfatantes diferentes, de forma a conseguir-se uma ação detergente mais ou menos intensa, com mais ou menos espuma, custos mais reduzidos, entre outros critérios.

As misturas de diversos surfatantes serão ainda interessantes para tornar as micelas maiores, já que os diferentes tamanhos de cada molécula tornam a estrutura micelar menos estável. Isto permite reduzir a penetração das micelas ao longo da epiderme, o que também se consegue utilizando moléculas surfatantes de maior tamanho.

Solventes

Por outro lado, a base em que estes mesmos surfatantes se encontram pode contribuir para obter uma diferente ação de limpeza, já que os óleos têm uma maior facilidade para dissolver por exemplo resíduos de maquilhagem, ou até para torná-los mais adequados para os diferentes tipos de pele. Uma pele seca tenderá a gostar mais de um produto de limpeza em óleo, enquanto uma pele oleosa preferirá certamente um produto à base de água (geralmente em gel).

Os tónicos em particular exercem a sua função de limpeza apenas por este mecanismo; sendo as formulações mais antigas constituídas por concentrações relativamente elevadas de álcool. Este solvente tem uma elevada capacidade para deslipidar a superfície da pele e por isso tende a ser preferido pelas peles oleosas. Também por este motivo, elevadas concentrações de álcool podem comprometer a integridade da barreira cutânea.

  • Ação mecânica

Como complemento a estas duas substâncias, e também à massagen que fazemos com as nossas proprias mãos; a eficácia da limpeza da pele poderá ainda ser elevada pelo uso de ingredientes (partículas de grandes dimensões), utensílios (algodões, escovas, toalhas, esponjas) ou aparelhos elétricos que realizem uma esfoliação mecânica sobre a pele. Nem sempre é recomendado que se recorra a estes últimos, muito menos se a pele for realmente sensível!


No final da limpeza, como deve ficar a pele?

Voltando ao sabão, se já limparam a pele com este produto saberão certamente qual é a sensação de ter uma pele absolutamente livre de gordura. E durante muitos anos, esse foi o objetivo de grande parte dos produtos de limpeza, sobretudo daqueles que eram direccionados para a pele oleosa. 

Mais recentemente, são conhecidos alguns estudos que demonstram os diversos mecanismos pelos quais o sabão pode afetar o normal funcionamento da pele; ao mesmo tempo que demonstram os benefícios de uma limpeza mais suave.


  • Alternativas
Para proporcionar uma limpeza menos deslipidante, foram desenvolvidos os syndets, synthetic detergents; e que se enquadram nas categorias de surfatantes descritas no tópico respetivo. Alguns destes surfatantes podem continuar a ser utilizados em barra, embora grande parte das pessoas prefira utilizar produtos de limpeza líquidos ou semi-sólidos.

São vários os estudos que demonstram a vantagem do uso de syndets em detrimento dos sabonetes tanto para a pele "normal", como para pele sensibilizara; seja ela acneica, com dermatite atópica, rosácea e até fotoenvelhecida. Todos eles concluem que uma limpeza suave contribui para a preservação da barreira cutânea, e como consequência para a um melhor estado de saúde da pele.


Como escolher um produto suave?

Não é fácil descobrir se um produto é realmente suave olhando apenas para o rotulo, até porque a definição de "suave" pode ser muito subjectiva. No entanto, existem alguns pontos que podem ter em conta na escolha dos vossos produtos e que certamente ajudarão a eliminar algumas opções: 

  • Evitar produtos que forme espuma ("foaming") e optar por surfatantes mais suaves

À exceção das mousses, que ainda que formem espuma tenderão a fazê-lo através do sistema dispensador. Na verdade a espuma consegue-se de muitas formas, e nem sempre é sinónimo de um produto ser agressivo. Ainda assim, pode ser um indicador rápido para quem não tem muita experiência na leitura de listas de ingredientes.

Por outro lado, nem todos os produtos contendo sulfatos e outros surfatantes anionicos serão agressivos, até porque como expliquei acima há muitos factores que podem determinar o tamanho das micelas. Contudo, e se não têm a possibilidade de experimentar uma amostra; poderão evitar produtos que contenham este tipo de surfatantes nas primeiras posições da lista de ingredientes, optando por outros que contenham misturas de surfatantes anfotéricos e não iónicos. 



  • Escolher produtos à base de óleo
Esta é uma boa alternativa quer para as peles secas e reativas, quer para tirar maquilhagem sem esforço. Estes produtos têm oleos nas primeiras posicoes da lista de ingredientes, e por vezes também glicóis (glicerina, propilenoglicol, etc). Se escolhem um produto à base de óleos vegetais, e se têm uma pele realmente intolerante; tenham apenas o cuidado de evitar óleos essenciais. Estes óleos são perfumados, aos contrário dos óleos vegetais, e por isso serão também potenciais irritantes.



  • Preferir produtos com ingredientes hidratantes

Se não gostam de produtos à base de óleo, também podem optar por produtos à base de água contendo concentrações elevadas ingredientes mais hidratantes. Estes ingredientes interferirão também no tamanho das micelas formadas, ao mesmo tempo que deixam um resíduo à superfície da pele que a deixa menos deslipidada. Normalmente têm uma consistência cremosa.



Quantas vezes por dia devo limpar o rosto?


Não é consensual, por isso prefiro dizer que devem ter o cuidado de limpar o rosto à noite, para eliminar todos os resíduos acumulados durante o dia; e podem saltar este passo de manhã  caso esta seja seca, ou se realmente muito sensibilizada.


Acerca do uso de água quente

É inegável que sabe bem utilizar água quente. Mas quem tem pele reativa sabe que este hábito vem acompanhado de vermelhidão, desconforto e por vezes até prurido.

A água quente tem não só uma maior capacidade de deslipidar a pele, como também contribui para uma redução do tamanho das micelas; aumentando assim a sua potencial penetração das mesmas ao longo do estrato córneo. Isto não é benéfico para ninguém! Por isso, recomendo sempre evitar limpar o rosto no banho (já que é difícil tomar banho com água mais fria), ou fazê-lo apenas se tomam atenção à temperatura da água quando chega ao momento de enxaguar esta zona.

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